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Doutor em Economia Internacional afirma que o Brasil é o país do futuro

O Brasil é que vai mandar no mundo�?�. Com esta afirmação, o Professor da Universidade de Aveiro há mais de 20 anos e Doutor em Economia Internacional e Desenvolvimento pela Universidade de Barcelona-Espanha, Antônio Jorge Fernandes, sintetizou a posição do Brasil no futuro. Ele afirmou que não se faz nada no mundo sem se consultar o Brasil, China e Índia. Segundo o economista, há muitas empresas importantes que querem se instalar no Brasil de todos os continentes. �??O potencial de crescimento da economia brasileira, com destaque para setores com vantagem comparativa e aqueles associados à energia, tem atraído o interesse de muitos investidores estrangeiros�?�, revelou. O Professor Doutor Antônio Jorge Fernandes foi o palestrante do Prata da Casa, promovido pela Associação Comercial, Cultural e Industrial de Erechim, nesta segunda-feira, dia 5 de novembro, tendo sua palestra o título: Economia Internacional e o Impacto na Economia Brasileira. Ele explicou para os mais de 180 empresários associados da ACCIE, o que é uma crise e como nasceu a atual crise econômica global. Iniciou seu relato em 2001, quando o mercado imobiliário dos Estados Unidos passou por uma expansão acelerada, seja através da aquisição de imóveis ou através da hipoteca para pagar as dívidas ou consumir; passou por 2006, quando os juros, que vinham subindo desde 2004, encareceram o crédito e afastaram os compradores de imóveis, assim como aumentou a inadimplência; até o desaquecimento da economia americana, com o mercado imobiliário entrando em pânico e dando início aos pedidos de concordata, afetando o sistema bancário. Com isso, instalou-se uma crise de desconfiança. �??E se descobriu que, com a globalização, o sistema financeiro internacional estava contaminado e sofreria graves consequências, fazendo com que muitos países entrassem em recessão�?�, comentou. Continuando sua explanação, Fernandes falou que no plano econômico mundial, o ano de 2011 foi marcado pela crise econômica na União Europeia. Também em função da globalização econômica que vivemos na atualidade, a crise se espalhou pelos quatro cantos do mundo, derrubando índices das bolsas de valores e criando um clima de pessimismo na esfera econômica mundial. As causas, apontadas pelo palestrante, foram endividamento público elevado, principalmente em países como Grécia, Portugal, Espanha, Itália e Irlanda e falta de coordenação política da União Europeia para resolver questões de endividamentos público das nações do bloco. Como consequências da crise ele apontou fuga de capitais investidores, escassez de crédito, aumento do desemprego, descontentamento popular com medidas de redução de gastos adotadas pelos países como forma de conter a crise; diminuição dos ratings (notas dadas por agências de risco) das nações e bancos dos países envolvidos na crise; queda ou baixo crescimento do PIB dos países da União Europeia em função do desaquecimento da economia dos países do bloco; e contaminação da crise para países de fora do bloco, que mantêm relações comerciais com a União Europeia. Fernandes ainda falou das medidas adotadas para enfrentar a crise como a implementação de um pacote econômico anticrise �?? lançado em 27/10/2011 -; maior participação do FMI e Banco Central Europeu; ajuda financeira aos países com mais dificuldades como a Grécia, Irlanda e Portugal; e definição de um pacto fiscal. De acordo com o professor, as ações de combate à crise são coordenadas, principalmente, por França e Alemanha. Aliás, uma de suas maiores preocupações está na ajuda da Alemanha: se um dia ela cansar de financiar as economias periféricas da União Europeia e der um basta. �??Isto seria o pior�?�, sentenciou. Para Fernandes, esta é a maior crise da Europa, porém, na sua avaliação, já está passando e deverá se amenizar no ano que vem. Para o professor, o maior problema foi que os governos endividados começaram a gastar maior quantidade de dinheiro público, achando que isso resolveria a crise. Hoje, Portugal tem um dívida pública de 124% do PIB. �??Não sei quanto anos vamos levar para reduzir este índice�?�, declarou Fernandes. O índice de desemprego é de 15%. Ele contou que até seis meses atrás, quem ficava desempregado ganhava auxílio desemprego por 24 meses, hoje conseguiram reduzir para 18 meses. O que ele avaliou como negativo e afirmou que �??o estado social, como conhecemos, está terminando, tem poucos seguidores, a não ser a esquerda radical�?�. ECONOMIA BRASILEIRA Sobre a economia brasileira, ele confirmou que terá um crescimento, já praticamente assegurado, de 3% a 4%, em 2013. Revelou que a economia está em aquecimento neste 4º trimestre de 2012, o que estabelecerá um novo patamar para as atividades econômicas. �??No entanto, os desafios estruturais que o país não consegue superar impõem um teto neste crescimento. As expectativas de um desempenho mais dinâmico, que existiam em 2009 e em 2010, tornaram-se altamente improváveis. Mesmo o crescimento ainda baixo que se espera no Brasil para 2013 é vulnerável à possibilidade de agravamento da crise da zona do euro, de uma piora na economia americana ou de um pouso forçado do crescimento chinês�?�, explanou. Segundo ele, para ter um crescimento mais dinâmico e sustentável, o governo terá que melhorar a qualidade dos seus gastos, criar condições para o aumento de produtividade, aprimorar os marcos regulatórios, promover uma reforma tributária, investir na educação e na qualificação da mão de obra e criar condições para a efetiva eliminação de gargalos de infraestrutura �?? como falta de portos e ferrovias �??. No entanto, o palestrante argumentou que é provável que a partir do próximo ano, com a recuperação da economia, o governo brasileiro terá que fazer uma escolha: manter a taxa básica de juros (Selic) no patamar historicamente baixo em que se encontra ou manter o câmbio tabelado, sem flutuar, em torno de R$ 2,00. �??Hoje só é possível manter esses dois objetivos porque a atividade econômica está desaquecida�?�, esclareceu o Professor Doutor António Jorge Fernandes. Para concluir, sintetizou que o mundo está prestes a mudar com esta grande crise global; as economias com as características de �??Estados Sociais�?� estão a caminho da extinção; cada vez mais o Estado se afastará da presença importante na economia; e o mundo, sobretudo a Europa, passará por um ciclo de recessão que se poderá estender por mais de 10 anos.