Professor Volnei Garcia falou no Prata da Casa, da ACCIE

“As empresas vivem momentos de turbulência gerados por duas crises. Uma de curto prazo, fruto do momento político e econômico brasileiro, que exige ajustes e cuidados especiais com o caixa. Outra, que não é brasileira, é mais ampla, é de competitividade, provocada pelas tecnologias e modelos de negócios disruptivos e que desafia as empresas”. A afirmação foi do consultor e professor Associado da Fundação Dom Cabral, Volnei Garcia, ao falar para empresários no Prata da Casa desta segunda-feira, 15 de agosto, promovido pela Associação Comercial, Cultural e Industrial de Erechim.
O evento foi aberto pelo presidente da ACCIE, Claudionor Mores, que falou da preocupação da ACCIE, enquanto entidade representativa, com situações delicadas que algumas empresas estão passando, procurando intervir para que se restabeleça a normalidade. Também foi aberto um espaço para divulgação da segunda edição da Astrus Update 2016, o primeiro evento do Alto Uruguai Gaúcho a trazer temas sobre comércio online e marketing digital, que acontece em Erechim no dia 7 de outubro. A Rede de Hotéis Ibis, através de Rafael Losch, também teve oportunidade de falar dos investimentos que estão sendo realizados em Erechim, visando implantação de um hotel na cidade.

TECNOLOGIAS EXPONENCIAIS GERAM IMPACTOS NO MUNDO DOS NEGÓCIOS
Conforme Garcia, para cada uma dessas crises propõe-se ferramentas de gestão que podem fazer a diferença para sua superação. Os modelos de planejamento estratégico, baseados em Porter e outros, adequados para um período de relativa previsibilidade, não são mais suficientes para projetar o futuro no cenário atual. Eles não captam as “não linearidades” que marcam os novos tempos. Eventos do tipo “11 de Setembro” – raros e imprevisíveis, surgem de diferentes dimensões, por questões demográficas, sócio-políticas ou tecnológicas, entre outras. “Chamamos atenção especial para as tecnologias exponenciais, que geram impactos com grande efeito multiplicador no mundo dos negócios. Já fazem parte da nossa realidade a inteligência artificial, a robótica, impressão 3D, sensorialização e aquela que talvez tenha efeito econômico e social similar ou maior que aquele provocado pela internet – a block chain, que permitirá a realização de transações sem a certificação de um servidor, como são por exemplo hoje todas as transações financeiras”, acrescentou.
O consultor salientou ainda que estas tecnologias isoladamente ou em conjunto, provocam grandes transformações em quase todas as áreas de negócios. “A pergunta que se impõe é: como será sua empresa, num mundo que se transforma com tamanha intensidade e velocidade. Ela será viável fazendo da mesma forma que faz hoje? É provável que não. E o que você está fazendo para se manter competitivo? Sabemos que sobreviverão não os mais fortes – e mesmo os mais inteligentes, mas os que melhor se adaptarem a essas transformações. Novas ferramentas que capturem estas mudanças e nos permitam dar respostas compatíveis com os desafios que se apresentam tem auxiliado as empresas a se reinventarem, seja pelo desenvolvimento de novos produtos, de ganhos de produtividade ou mesmo de novos modelos de negócios”, afirmou. Aliás, esta parece ser a melhor perspectiva, pois vai além da melhoria continua ou da simples vantagem competitiva possível de ser copiada.
Um dificultador importante são os modelos mentais, notadamente das gerações mais “experientes” e que não são capazes de sair da caixa para pensar diferente, além de terem motivos para prolongar o status quo e ficar na zona de conforto. Volnei citou uma ferramenta que pode ser considerada a nova geração para apoiar os processos de planejamento: o modelo Canvas de negócios. “Com diferente abordagem, nos permite mapear oportunidades e modelar soluções de produtos, serviços ou modelos de negócios, gerando inovação que vai além da melhoria continua, podendo ser semi-radical ou disruptiva. Aliás, modelos disruptivos são os que realmente mudam sua empresa de patamar e eles tem três características, que individualmente ou combinadas, vão além, mudando seu setor ou criando novos negócios: são simples, são de baixo custo e trazem mais conveniência”, concluiu.